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Guia completo para precificar produtos artesanais
Definir o preço de um produto artesanal é essencial para garantir que o negócio seja lucrativo e sustentável a longo prazo.
O grande desafio é encontrar um equilíbrio: um valor que cubra todos os custos, remunere seu trabalho de forma justa e, ao mesmo tempo, seja competitivo o suficiente para atrair clientes.
No mercado artesanal, cada detalhe conta — desde o custo dos materiais até o tempo investido na produção.
Neste artigo, vamos abordar detalhadamente cada etapa do processo de precificação, trazendo orientações práticas que você pode aplicar imediatamente.
A ideia é simplificar o processo e ajudá-lo a tomar decisões informadas para garantir que seu negócio prospere.
Identificando todos os custos de produção
Os custos de produção são a base para qualquer estratégia de precificação. Sem entender claramente quanto você gasta para produzir cada unidade, é impossível definir um preço justo e sustentável.
Esses custos podem ser divididos em duas categorias principais: custos diretos e custos indiretos.
Os custos diretos envolvem tudo o que é gasto diretamente na produção do produto. Isso inclui materiais, como tecidos, linhas, madeiras, ou qualquer outra matéria-prima essencial.
Uma forma prática de calcular é dividir o custo total do material pela quantidade de produtos que você consegue produzir com ele.
Por exemplo, se você paga R$100 por um rolo de tecido e produz 10 peças, cada peça terá um custo de R$10 em tecido.
Outro custo direto que precisa ser considerado é a embalagem. Uma boa embalagem melhora a experiência do cliente e aumenta a percepção de valor, mas deve ser incluída no preço final.
Itens como caixas, laços, etiquetas e cartões são importantes, mas não podem ser esquecidos na hora de calcular os custos.
Já os custos indiretos são despesas que não estão diretamente ligadas a um único produto, mas são fundamentais para o funcionamento do negócio.
Aluguel, energia elétrica, água, internet e até a manutenção das ferramentas entram nessa categoria.
Para incorporar esses custos, você pode calcular o valor total mensal e dividir pelo número médio de peças produzidas no mesmo período.
Isso garante que cada produto contribua para pagar as despesas operacionais.
Organizar e acompanhar esses custos é essencial para evitar surpresas financeiras e garantir que o preço final cubra todas as suas despesas.
Uma planilha ou aplicativo de controle financeiro pode ser de grande ajuda para essa tarefa.
Calculando o tempo de produção e mão de obra
O tempo que você investe na produção é tão importante quanto os materiais que você utiliza. No entanto, muitos artesãos acabam subestimando o valor do próprio tempo.
É fundamental definir um valor para a sua mão de obra, garantindo que você seja remunerado adequadamente pelo esforço e dedicação envolvidos.
Para começar, registre quanto tempo você leva para produzir cada peça. Isso inclui todas as etapas, desde a preparação dos materiais até a finalização do produto.
Se você demora duas horas para criar um item, esse tempo precisa ser remunerado de acordo com o valor que você atribuir ao seu trabalho.
Definir o valor da sua hora de trabalho pode ser desafiador, mas uma abordagem prática é pensar no quanto você gostaria de ganhar por mês. Divida esse valor pelo número de horas que pretende trabalhar no período.
Por exemplo, se você deseja ganhar R$3.000 por mês e planeja trabalhar 120 horas, cada hora terá o valor de R$25. Se a produção de uma peça leva duas horas, o custo de mão de obra será de R$50.
Lembre-se também de incluir o tempo gasto em outras atividades importantes, como atendimento ao cliente, divulgação em redes sociais e preparação de pedidos.
Todas essas tarefas são essenciais para o funcionamento do negócio e precisam ser consideradas na precificação.
Além disso, peças personalizadas ou exclusivas geralmente demandam mais tempo e, por isso, podem ter um valor maior.
Essa é uma forma de valorizar o esforço adicional e garantir que seu trabalho seja devidamente recompensado.
Definindo a margem de lucro ideal
Foto: Anna Tarazevich/Pexels
A margem de lucro é o valor adicional que você adiciona ao preço para garantir que, além de cobrir todos os custos, o negócio gere um retorno financeiro.
Sem essa margem, o negócio pode até cobrir as despesas, mas não será sustentável a longo prazo.
A margem de lucro ideal pode variar, mas no mercado artesanal é comum trabalhar com percentuais entre 30% e 50%.
Se o custo total de produção de uma peça é de R$100 e você decide aplicar uma margem de 50%, o preço final será de R$150.
Isso significa que, além de cobrir seus custos, você terá um lucro de R$50.
É importante entender que a margem de lucro também serve para criar uma reserva financeira, que pode ser usada para reinvestir no negócio ou lidar com imprevistos.
Uma margem muito baixa pode comprometer o crescimento do negócio, enquanto uma margem muito alta pode afastar clientes.
O segredo é encontrar um equilíbrio que seja vantajoso para você e atraente para o cliente.
Analisando o mercado e a concorrência
Além de calcular seus custos e definir uma margem de lucro, é essencial analisar o mercado e entender como a concorrência se posiciona.
Isso ajudará você a identificar tendências e descobrir como outros artesãos estão precificando produtos semelhantes.
Pesquise empreendedores que trabalham com produtos parecidos com os seus e observe quais são seus preços e diferenciais.
Eles oferecem algo especial, como embalagens diferenciadas ou frete grátis? Como é o atendimento ao cliente?
Essas informações ajudam a entender como diferentes fatores influenciam o preço final e a percepção de valor.
No entanto, é importante lembrar que cada negócio tem sua própria realidade. Mesmo que seus concorrentes cobrem menos, você não precisa reduzir seu preço automaticamente.
Se o seu produto tem maior qualidade, é mais exclusivo ou oferece uma experiência diferenciada, ele pode ser vendido por um valor mais alto.
O importante é que o cliente perceba esse valor e esteja disposto a pagar por ele.
Considerando a sazonalidade e a exclusividade
Alguns produtos artesanais têm maior demanda em determinadas épocas do ano, como o Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados.
Esses períodos são uma ótima oportunidade para aumentar as vendas, mas também exigem ajustes na estratégia de precificação.
Uma forma de aproveitar essas ocasiões é criar edições limitadas ou produtos exclusivos. Itens personalizados costumam ser mais valorizados, pois oferecem ao cliente a sensação de possuir algo único.
Como esses produtos demandam mais tempo e atenção, é natural que o preço seja mais alto.
Além disso, você pode criar combos ou kits promocionais para aumentar o valor percebido pelo cliente.
Por exemplo, um conjunto de produtos para presente pode ser vendido por um preço ligeiramente mais alto, mas ainda assim atrativo para o consumidor.
Testando e ajustando o preço com base no feedback dos clientes
Depois de definir um preço inicial, é importante testar como o mercado reage e estar preparado para fazer ajustes.
Esse período inicial é essencial para aprender e entender se o preço está alinhado com as expectativas dos seus clientes.
Não se preocupe se precisar fazer ajustes ao longo do caminho — essa é uma prática comum e saudável em qualquer negócio.
Uma forma de testar preços é oferecer promoções por tempo limitado. Ao observar a resposta dos clientes durante essas campanhas, você pode entender se eles se sentem mais atraídos pelo preço promocional e ajustar sua estratégia para encontrar o ponto ideal.
Outra forma de avaliar o preço é solicitar feedback diretamente dos clientes. Pergunte se eles acham que o valor cobrado é justo e se estão satisfeitos com a relação custo-benefício.
Utilize esses comentários para fazer ajustes. Por exemplo, se muitos clientes mencionarem que o produto é caro, pode ser necessário rever os custos ou melhorar a comunicação do valor agregado do produto.
Lembre-se de que a precificação não é fixa e pode ser revisada regularmente, seja para acompanhar mudanças no custo de produção, seja para ajustar à dinâmica do mercado.
A flexibilidade é essencial para manter o negócio competitivo e sustentável ao longo do tempo.
Comunicando o valor do produto para o cliente
Foto: Freepik
Mais do que o custo de produção, o valor percebido pelo cliente é um fator essencial na precificação.
Clientes estão dispostos a pagar mais por produtos que tenham uma história por trás, sejam feitos à mão e ofereçam uma experiência diferenciada. É seu papel comunicar isso de forma clara.
Você pode contar a história do processo criativo por meio das redes sociais, na descrição do produto ou até em eventos presenciais.
Explique que cada peça é feita com cuidado e atenção aos detalhes, e que seu negócio valoriza a qualidade e a exclusividade.
Isso ajuda a justificar um preço mais alto e a criar uma conexão emocional com o cliente.
Outra estratégia é destacar os benefícios únicos que o seu produto oferece. Por exemplo, um artesão que usa materiais ecológicos pode comunicar que o produto é sustentável e amigo do meio ambiente.
Isso aumenta a percepção de valor e justifica um preço superior em relação a produtos comuns.
Lembre-se: clientes não compram apenas produtos, mas também a experiência e os valores que sua marca representa.
A forma como você apresenta seu trabalho pode ser um diferencial significativo para agregar valor.
Como lidar com concorrentes e ofertas agressivas
A concorrência faz parte de qualquer mercado e, no mundo do artesanato, isso não é diferente. É comum encontrar concorrentes que oferecem produtos parecidos por preços mais baixos.
No entanto, é importante não cair na armadilha de competir apenas pelo preço.
Em vez disso, foque nos diferenciais do seu produto. Seu produto é feito sob medida? Tem um acabamento mais cuidadoso? Oferece personalização?
Esses aspectos ajudam a destacar o seu negócio e permitem que você mantenha um preço justo, sem precisar baixar para competir diretamente com preços mais baixos.
Uma estratégia interessante é apostar no atendimento personalizado e no relacionamento com o cliente. Ofereça um serviço de pós-venda ou um atendimento diferenciado.
Clientes satisfeitos estão dispostos a pagar mais por um bom atendimento e podem se tornar promotores da sua marca.
Como incluir impostos e taxas no preço final
Mesmo que você seja um pequeno artesão, é importante considerar os impostos e outras taxas que podem incidir sobre as vendas.
Se você vende pela internet ou em marketplaces, por exemplo, pode haver taxas de plataforma e custos com processamento de pagamento (como taxas de cartão de crédito).
Esses valores devem ser incorporados ao preço final para evitar surpresas desagradáveis. Uma dica é incluir uma margem adicional para cobrir esses encargos.
Se você paga uma taxa de 10% por cada venda online, pode acrescentar esse percentual ao preço do produto. Assim, o custo das taxas não prejudicará sua margem de lucro.
Além disso, é importante ficar atento às obrigações fiscais do seu negócio. Mesmo que você seja um microempreendedor individual (MEI), pode haver impostos a serem pagos.
Calcule essas despesas e garanta que elas estejam cobertas no preço final.
Reavaliando periodicamente sua estrutura de preços
A precificação não é uma tarefa que você faz uma vez e nunca mais toca. O mercado muda, os custos de produção podem aumentar e as preferências dos clientes podem evoluir.
Por isso, é essencial reavaliar sua estrutura de preços regularmente para garantir que ela continue adequada.
Defina uma rotina para revisar seus preços, seja a cada seis meses ou uma vez por ano. Analise se houve aumento nos custos de materiais ou nas despesas operacionais e ajuste seus preços de acordo.
Outro ponto importante é acompanhar a resposta dos clientes ao longo do tempo. Se você perceber que as vendas estão caindo ou que há muito interesse, mas poucas conversões, pode ser um sinal de que o preço precisa ser ajustado.
Lembre-se também de acompanhar a concorrência e observar as tendências do mercado. Manter-se atualizado é essencial para que seu negócio continue competitivo e relevante.
Soluções de um contador em Campo Grande para o seu negócio
Precificar corretamente um produto artesanal é um dos primeiros passos para garantir o sucesso e a sustentabilidade do seu negócio, mas essa é apenas uma parte da gestão financeira necessária para crescer de forma organizada.
Se você é de Campo Grande e precisa de um contador para auxiliá-lo com a estrutura financeira da sua empresa, pode contar com o apoio especializado de um contador em Campo Grande.
Ter ao seu lado um profissional qualificado vai além de calcular custos e lucros; ele pode ajudá-lo com o planejamento tributário, emissão de notas fiscais, controle de fluxo de caixa e todas as obrigações legais do seu negócio.
Um contador pode ser um grande parceiro na organização das finanças, garantindo que você não tenha surpresas no fim do mês e que o crescimento do seu negócio seja sustentável.
Além disso, contar com orientação contábil desde o início evita erros comuns, como o não recolhimento de tributos ou a falta de controle sobre o lucro real.
Com a experiência de um contador, você pode focar no que faz de melhor — a criação e produção artesanal — enquanto o lado financeiro e fiscal é gerido de forma profissional.
Se você deseja consolidar seu negócio e precisa de um contador em Campo Grande que entenda as necessidades específicas do seu empreendimento, entre em contato com a Contili Contabilidade.
Estamos prontos para ajudar você a estruturar suas finanças e transformar seu negócio em uma empresa rentável e bem-sucedida.