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Melhor regime tributário para dentistas: qual escolher
Escolher o regime tributário é uma das decisões mais importantes para qualquer profissional que atua como dentista, principalmente aqueles que têm seu próprio consultório ou clínica.
O motivo é simples: essa escolha vai influenciar diretamente o valor dos impostos que você vai pagar ao longo do ano e também a forma como sua empresa vai lidar com obrigações fiscais.
Muitos dentistas acabam pagando mais do que deveriam porque não entendem como cada regime funciona ou simplesmente mantêm o mesmo modelo desde que abriram o CNPJ, sem nunca revisar.
A verdade é que não existe um único regime que seja o melhor para todos. Cada caso precisa ser avaliado com cuidado, levando em conta o faturamento, a folha de pagamento e outros detalhes do negócio.
Neste guia, vamos explicar de forma clara e prática quais são as opções de regime tributário disponíveis, como elas funcionam, quais são os prós e contras de cada uma e em quais situações cada uma pode ser mais vantajosa.
Vamos também mostrar exemplos e pontos que muita gente ignora, mas que podem fazer toda a diferença no bolso.
Entendendo as opções: quais regimes tributários existem para dentistas
Quando um dentista abre um CNPJ, ele precisa escolher em qual regime tributário sua empresa vai se enquadrar.
No Brasil, as três principais opções são Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real.
Cada uma dessas modalidades tem regras específicas sobre como calcular os impostos, quais tributos pagar e como prestar contas ao governo.
O Simples Nacional é muito popular entre profissionais liberais porque reúne vários impostos em uma única guia e, em muitos casos, oferece uma carga tributária menor para quem está começando.
Ele tem regras específicas que podem beneficiar bastante clínicas odontológicas, mas também alguns detalhes que podem aumentar o imposto se não forem observados.
Já o Lucro Presumido costuma ser escolhido por empresas que têm um faturamento mais alto ou uma margem de lucro mais previsível.
Nesse modelo, o governo presume que uma parte da receita é lucro e aplica impostos sobre esse valor.
Para dentistas, isso pode ser interessante quando o faturamento já ultrapassa certos limites, mas é preciso analisar bem porque, em alguns casos, pode acabar saindo mais caro que o Simples.
O Lucro Real, por sua vez, é o regime em que os impostos são calculados sobre o lucro efetivo da empresa.
Embora ele possa ser vantajoso para negócios com lucro baixo ou despesas muito altas, para dentistas é menos comum, já que a burocracia é maior e exige um controle contábil muito mais detalhado.
Ainda assim, existem situações específicas em que ele pode ser considerado.
Ao conhecer cada opção, o dentista consegue ter uma visão mais clara do que pode se encaixar melhor na sua realidade, evitando decisões baseadas em achismos ou conselhos genéricos que não levam em conta o seu caso.
Simples Nacional: será que é realmente tão simples?
O Simples Nacional foi criado para facilitar a vida das pequenas empresas e dos microempreendedores.
Ele unifica o pagamento de diversos tributos em uma única guia, o que reduz a burocracia e, em muitos casos, a carga tributária.
Para dentistas, o enquadramento no Simples é possível, mas é importante entender os detalhes que influenciam no valor final dos impostos.
No caso das atividades odontológicas, o Simples Nacional pode enquadrar a clínica no Anexo III ou no Anexo V da tabela de alíquotas.
A diferença entre eles é significativa, já que o Anexo III tem alíquotas iniciais menores.
A definição de qual anexo será aplicado depende do chamado Fator R, que leva em conta a relação entre a folha de pagamento e o faturamento da clínica.
Se a folha de pagamento representar pelo menos 28% do faturamento, a clínica pode ficar no Anexo III, pagando menos imposto.
Caso contrário, vai para o Anexo V, onde as alíquotas são mais altas. Esse detalhe é muitas vezes ignorado, mas pode mudar completamente o valor a ser pago ao longo do ano.
Outro ponto importante é que, apesar da praticidade, o Simples Nacional não é sempre a opção mais barata.
À medida que o faturamento aumenta, as alíquotas também sobem e, dependendo da situação, podem até ultrapassar o que se pagaria no Lucro Presumido.
Lucro Presumido: quando pode valer mais a pena
Fotos: Freepik
O Lucro Presumido é uma alternativa ao Simples Nacional que pode ser mais vantajosa para dentistas que já têm um faturamento mais alto ou que não conseguem se beneficiar do Fator R.
Nesse regime, o governo presume que uma parte da receita da clínica é lucro e aplica os impostos sobre esse valor presumido, mesmo que o lucro real seja diferente.
Para atividades de prestação de serviços como a odontologia, a base de cálculo do imposto é de 32% do faturamento.
Sobre esse valor, incidem o IRPJ e a CSLL, além do PIS e da COFINS sobre o faturamento total. Também há o ISS, que varia conforme o município.
Uma vantagem do Lucro Presumido é que, em alguns casos, a carga tributária pode ser menor do que no Simples Nacional, especialmente quando o faturamento é alto e a folha de pagamento não atinge o percentual exigido para o Anexo III do Simples.
Além disso, o valor dos impostos é mais previsível, já que a base de cálculo é fixa.
Por outro lado, ele exige mais atenção com a contabilidade, pois os impostos são pagos separadamente e em prazos diferentes.
Também não há a mesma simplificação do Simples Nacional, o que pode significar mais trabalho administrativo.
A escolha pelo Lucro Presumido deve ser feita com base em simulações reais, comparando os valores que seriam pagos em cada regime.
Muitas clínicas migram para essa opção após perceberem que, no Simples, o aumento de faturamento elevou demais a carga tributária.
Lucro Real: a escolha menos comum, mas que pode ter seu momento
O Lucro Real é o regime tributário onde os impostos são calculados sobre o lucro líquido da empresa, ou seja, a receita menos as despesas.
Ele é obrigatório para empresas de grande porte ou com faturamento anual acima de determinados limites, mas também pode ser escolhido por empresas menores, caso seja vantajoso.
Para dentistas, o Lucro Real raramente é a primeira opção, porque a maioria das clínicas e consultórios não tem despesas tão altas a ponto de compensar a burocracia desse regime.
Ele exige um controle contábil rigoroso e detalhado, já que cada despesa e receita precisa ser registrada corretamente para que o lucro seja calculado de forma precisa.
Ainda assim, existem situações em que o Lucro Real pode ser interessante.
Por exemplo, se a clínica está em um momento de investimento pesado, com muitas despesas dedutíveis, o lucro líquido pode ser baixo, o que reduz o imposto a pagar.
Também pode ser vantajoso em períodos de crise, quando a margem de lucro cai.
O desafio é que, para funcionar bem, o Lucro Real exige uma contabilidade extremamente organizada.
Qualquer erro ou falta de documentação pode resultar em problemas com o fisco.
Por isso, essa opção costuma ser considerada apenas quando há um acompanhamento próximo de um contador experiente e uma estrutura administrativa bem preparada.
No dia a dia, a maioria dos dentistas vai encontrar alternativas mais simples e práticas, mas conhecer o Lucro Real ajuda a entender todo o cenário e a ter uma visão mais completa das opções.
Como o Fator R pode mudar tudo
Um dos conceitos mais importantes para dentistas que pensam em aderir ou permanecer no Simples Nacional é o Fator R.
Ele é uma fórmula que calcula a relação entre a folha de pagamento e o faturamento dos últimos 12 meses da clínica.
O resultado desse cálculo vai determinar em qual anexo da tabela do Simples a clínica vai se enquadrar.
Se o resultado for igual ou superior a 28%, a clínica fica no Anexo III, com alíquotas mais baixas. Se for menor que isso, vai para o Anexo V, onde a carga tributária é mais alta.
Na prática, isso significa que aumentar a folha de pagamento — por exemplo, contratando mais profissionais ou aumentando salários — pode reduzir a alíquota de imposto.
Essa dinâmica cria uma situação curiosa: às vezes, pagar salários mais altos ou contratar mais gente pode, no fim das contas, resultar em economia de impostos.
Mas é claro que essa decisão não pode ser tomada apenas pensando no Fator R, já que envolve custos trabalhistas e impacto no caixa.
Muitos dentistas descobrem essa regra apenas depois de pagar impostos altos no Anexo V, quando já poderiam ter ajustado a folha de pagamento para cair no Anexo III.
Isso mostra como o planejamento tributário é essencial e como o conhecimento dessa regra pode fazer uma grande diferença no resultado final da clínica.
Entender e acompanhar o Fator R ao longo do ano é uma prática que todo dentista deveria adotar.
Isso evita surpresas no fechamento do ano e dá mais previsibilidade aos custos com impostos.
Comparando na prática: qual regime sai mais barato?
Teoria é importante, mas nada substitui uma boa comparação prática. Imagine dois consultórios odontológicos com faturamento mensal de R$ 30 mil.
No primeiro caso, a folha de pagamento é de R$ 10 mil, o que dá 33% do faturamento. No segundo, a folha é de R$ 5 mil, ou seja, 16% do faturamento.
No Simples Nacional, o primeiro consultório ficaria no Anexo III, com uma alíquota inicial de 6%, pagando cerca de R$ 1.800 em impostos por mês.
Já o segundo consultório iria para o Anexo V, com alíquota inicial de 15,5%, o que significa R$ 4.650 mensais. A diferença é enorme.
Se o segundo consultório estivesse no Lucro Presumido, a carga tributária poderia ficar em torno de 13,33% do faturamento, resultando em aproximadamente R$ 3.999 por mês.
Nesse caso, o Lucro Presumido seria mais vantajoso que o Simples no Anexo V.
Esses números mostram que não dá para escolher o regime apenas pelo nome ou pela praticidade.
É preciso colocar os dados no papel e fazer simulações, sempre considerando o faturamento, a folha de pagamento e as despesas do negócio.
Cada consultório tem uma realidade diferente e a melhor escolha para um pode não ser a melhor para outro. Esse é o ponto-chave do planejamento tributário: personalização.
Como tomar a decisão certa
Foto: Freepik
Escolher o regime tributário mais vantajoso começa com um diagnóstico preciso da situação atual da clínica.
É essencial analisar o faturamento dos últimos doze meses, a folha de pagamento e as despesas fixas e variáveis, pois esses elementos determinam grande parte do impacto tributário.
Além disso, é importante projetar o cenário para o próximo ano. Se a clínica pretende contratar novos profissionais, essas mudanças podem alterar o enquadramento e até mudar qual regime será mais vantajoso.
Também vale considerar o nível de burocracia que você está disposto a lidar.
Regimes como Lucro Presumido e Lucro Real exigem mais controle contábil e acompanhamento, enquanto o Simples Nacional oferece mais praticidade, mas nem sempre é o mais econômico.
O ideal é revisar essa escolha anualmente, de preferência com o apoio de um contador especializado em odontologia.
Essa avaliação periódica garante que a clínica pague apenas o necessário e mantenha um planejamento tributário alinhado ao seu crescimento.
Soluções de um contador em Campo Grande para o seu negócio
Se você chegou até aqui, já percebeu que escolher o regime tributário certo pode fazer toda a diferença no resultado da sua clínica odontológica.
Mas sabemos que, na prática, lidar com cálculos, regras e projeções nem sempre é simples.
É por isso que contar com o apoio de um contador em Campo Grande que entenda as particularidades do seu negócio é essencial.
Um contador pode analisar seu faturamento, sua folha de pagamento e suas despesas para encontrar a opção mais vantajosa, evitando que você pague impostos além do necessário.
Além disso, um contador em Campo Grande oferece acompanhamento contínuo, garantindo que o planejamento tributário seja ajustado sempre que houver mudanças nas regras ou na situação da sua clínica.
Assim, você pode focar no que realmente importa: atender seus pacientes e fazer seu negócio crescer.
Se você quer tomar a melhor decisão e manter suas finanças organizadas, entre em contato com a Contili Contabilidade.